Insetos estão desaparecendo do planeta – Descubra as causas

Por Julia Comparoni

Insetos estão desaparecendo em todo o planeta, e isso não é apenas uma coincidência natural.

Diversos estudos apontam causas sérias para essa redução acentuada na biodiversidade.

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O desaparecimento desses pequenos seres pode desencadear desequilíbrios ambientais profundos.

Entender esse fenômeno é essencial para tomar decisões conscientes e informadas.

Por que os insetos estão desaparecendo em escala global?

O desaparecimento dos insetos em escala mundial vem se tornando um dos maiores alertas ambientais das últimas décadas.

Embora a maioria das pessoas ainda veja esses seres como incômodos ou insignificantes, a verdade é que eles desempenham funções ecológicas fundamentais para a vida no planeta.

De fato, sem insetos, o colapso da biodiversidade é uma ameaça real e iminente.

Pesquisas recentes apontam quedas acentuadas nas populações de insetos em várias regiões do mundo.

Um estudo de longo prazo realizado na Alemanha mostrou uma redução de mais de 75% na biomassa de insetos voadores em áreas protegidas em apenas 27 anos.

Esse padrão alarmante também foi observado em outros países da Europa, nas Américas e em partes da Ásia.

Apesar de parecer silencioso, o sumiço dos insetos está relacionado a várias mudanças no meio ambiente, muitas delas provocadas diretamente pelas atividades humanas. Isso torna o problema ainda mais urgente e exige atenção global coordenada.

Portanto, entender as causas por trás desse desaparecimento não é apenas importante, é crucial para preservar o equilíbrio dos ecossistemas e garantir a continuidade da vida como conhecemos.

Continue lendo para entender por que os insetos estão desaparecendo e como podemos agir diante dessa crise silenciosa.

As principais causas do desaparecimento dos insetos

Insetos estão desaparecendo do planeta – Descubra as causas
Foto: N. Merlo/Pexels

Uso intensivo de pesticidas na agricultura

O avanço da agricultura industrial trouxe consigo o uso em larga escala de agrotóxicos, especialmente os pesticidas do grupo dos neonicotinóides.

Essas substâncias atuam diretamente no sistema nervoso dos insetos, afetando sua capacidade de navegação, alimentação e reprodução. Como resultado, abelhas, joaninhas, borboletas e muitos outros insetos úteis à agricultura estão morrendo aos milhões.

Esse uso desenfreado também contamina o solo e a água, prejudicando insetos subterrâneos e aquáticos.

Estudos revelam que resíduos desses produtos permanecem ativos por longos períodos no ambiente, agravando ainda mais seus impactos.

Destruição e fragmentação de habitats

Outro fator determinante no sumiço dos insetos é a perda de habitat. A urbanização acelerada, o desmatamento, a construção de rodovias e a conversão de áreas naturais em monoculturas transformaram paisagens biodiversas em ambientes hostis à sobrevivência dos insetos.

Muitos insetos dependem de plantas específicas para se alimentar e reproduzir.

Quando essas plantas desaparecem, eles também somem. Além disso, a fragmentação de áreas verdes impede o fluxo genético entre populações, o que reduz sua capacidade de adaptação a mudanças ambientais.

Mudanças climáticas e eventos extremos

As mudanças climáticas também têm forte influência na dinâmica das populações de insetos. A elevação das temperaturas altera o ciclo de vida e os padrões reprodutivos de diversas espécies.

Ondas de calor, secas prolongadas, enchentes e outros eventos extremos causam mortes em massa, especialmente entre as espécies mais sensíveis.

Além disso, mudanças na temperatura afetam a sincronia entre os insetos e as plantas de que dependem.

Por exemplo, se uma planta floresce antes do surgimento dos polinizadores, a reprodução de ambos é prejudicada.

Poluição luminosa e sonora

A luz artificial, muito presente em áreas urbanas e rurais, desorienta insetos noturnos como mariposas, besouros e vagalumes.

Ela atrapalha sua navegação, sua busca por alimento e seu processo de reprodução. Já a poluição sonora dificulta a comunicação e a percepção de predadores, afetando a sobrevivência de várias espécies.

Esses dois tipos de poluição, apesar de muitas vezes negligenciados, têm efeitos profundos nos padrões comportamentais dos insetos, gerando impactos cumulativos.

Contaminação por poluentes químicos e microplásticos

Insetos aquáticos, como libélulas e larvas de mosquito, são especialmente vulneráveis à poluição da água.

Substâncias como metais pesados, medicamentos descartados e microplásticos entram nos ecossistemas por meio do esgoto e da drenagem agrícola, afetando diretamente a fauna invertebrada.

Esses poluentes interferem em funções hormonais e imunológicas dos insetos, comprometendo sua reprodução e longevidade.

O impacto do desaparecimento dos insetos nos ecossistemas

Insetos estão na base de inúmeras cadeias alimentares. A extinção deles afeta aves, anfíbios, répteis, mamíferos e até outros invertebrados que se alimentam de insetos.

Mas o impacto vai muito além da alimentação: eles são fundamentais para a polinização de flores, o controle de pragas naturais, a aeração do solo e a decomposição da matéria orgânica.

Sem abelhas, por exemplo, mais de 70% das culturas alimentares estariam em risco. Isso inclui frutas, legumes, sementes e oleaginosas essenciais para a dieta humana.

Além disso, o desaparecimento dos insetos pode gerar desequilíbrios ecológicos severos, como explosões populacionais de pragas indesejadas e colapsos nos ciclos naturais de nutrientes.

Ou seja, quando insetos desaparecem, todos os ecossistemas perdem sua estabilidade funcional, o que pode desencadear efeitos em cascata no planeta inteiro.

O que a ciência tem descoberto sobre o porquê os insetos estão desaparecendo?

Nos últimos anos, o interesse científico pelo desaparecimento dos insetos cresceu significativamente. Pesquisas publicadas em periódicos renomados como Science, Nature e PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) vêm revelando dados alarmantes sobre esse fenômeno.

Um dos estudos mais abrangentes, conduzido por pesquisadores australianos e europeus, estima que mais de 40% das espécies de insetos estejam em declínio e que um terço delas pode desaparecer completamente nas próximas décadas, se nada for feito.

No Brasil, entomologistas da Embrapa e de universidades como USP e UFMG têm estudado o impacto do desmatamento sobre polinizadores nativos, como as abelhas sem ferrão. Os resultados apontam que, além do desaparecimento de espécies, há uma forte redução da diversidade funcional, ou seja, menos tipos de insetos realizando papéis diferentes no ecossistema.

Essas pesquisas também revelam que o declínio não é causado por um único fator isolado, mas sim por uma soma de pressões ambientais simultâneas que, juntas, criam um cenário altamente desfavorável à sobrevivência dos insetos.

Como reverter ou frear essa perda?

Apesar do cenário preocupante, existem estratégias práticas e eficazes que podem ser adotadas em diferentes escalas, do individual ao governamental.

1. Incentivar práticas agrícolas sustentáveis

A agroecologia, a permacultura e outras formas de cultivo sustentável oferecem alternativas ao uso intensivo de agrotóxicos.

Essas práticas promovem o equilíbrio ecológico e protegem os insetos benéficos.

O plantio de flores nativas e a manutenção de áreas de vegetação natural nas fazendas são medidas simples que ajudam muito.

2. Preservar e restaurar habitats naturais

Criar e manter áreas verdes urbanas, corredores ecológicos e reservas florestais é fundamental para oferecer abrigo, alimento e rotas de deslocamento para os insetos. A restauração ecológica de áreas degradadas também pode ajudar na recuperação da fauna invertebrada.

3. Reduzir a poluição luminosa

Trocar lâmpadas de vapor de mercúrio por modelos LED com temperatura de cor mais quente (abaixo de 3000K), instalar sensores de movimento e evitar iluminação excessiva em áreas sensíveis são ações que reduzem os impactos da luz artificial sobre os insetos.

4. Educar e sensibilizar a população

Campanhas de conscientização sobre a importância dos insetos devem ser levadas a escolas, mídias e espaços públicos.

Mostrar que os insetos são aliados da vida humana pode transformar a visão negativa que muitas pessoas têm sobre eles.

5. Apoiar ciência e políticas públicas

O financiamento de pesquisas e a elaboração de políticas ambientais baseadas em evidências são essenciais.

Leis que proíbem o uso de pesticidas tóxicos, incentivam a agrofloresta e protegem biomas são ferramentas valiosas no combate ao desaparecimento dos insetos.

A urgência de preservar os insetos

O fato de que insetos estão desaparecendo em todo o mundo não pode mais ser ignorado.

Esses pequenos seres sustentam a vida em níveis que muitas vezes passam despercebidos, mas são absolutamente indispensáveis.

Ao reconhecer sua importância e agir de forma informada e consciente, temos a chance de evitar um colapso ecológico de grandes proporções.

Preservar os insetos é preservar o futuro da biodiversidade, e da própria humanidade.

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